domingo, 31 de julho de 2011

Cegos guiando cegos

" Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no abismo" 
(Mateus, XV, 12-14).

Pode parecer estranho que a página se inicie com um ensinamento do Mestre Jesus, encontrado no Evangelho, na parábola do “cego guiando cego”, quando o propósito é falar de saúde.
Ocorre que, nos dias atuais, amordaçamos o Mestre Interior que nos habita, nos acolhe, tudo sabe e tudo seguramente orienta, em favor de gurus, guias, mentores, facilitadores, etc, recém saídos dos "Institutos da Cegueira" eleitos por nós para serem nossos conselheiros, mestres e inspiradores, com a missão de conduzir-nos no caminho da evolução, da saúde, da iluminação e da transcendência.
Continuamos a bombardear nossos espíritos com a efemeridade mundana, desconsiderando que este espírito é a força viva e eterna que nos anima e movimenta.
Esquecemos nossos propósitos de conhecer e seguir os princípios da Verdade Suprema e da relação conosco.
Permitimos que nossos espíritos lutem por se apossar dos sentidos corpóreos, sem percebermos que  a vida é o centro de todas as atividades, sem vínculos e incondicionada por instintos e, como tal, precisa estar livre de qualquer contaminação material. Confundimo-nos acreditando que a matéria tem algo a ensinar ao espírito, quando em verdade somente o espírito pode vivificá-la, inspirá-la, purificá-la, torná-la criadora, iluminá-la e ascendê-la, enquanto que o instinto somente contribui para preservar a matéria inconsciente, desprovida, em si mesma, de luz e consciência, da extinção e da autodestruição.
Apesar da nossa escolha, continuamos a caminhar sem guia, esbarrando e nos ferindo, tropeçando aqui, tombando ali, caindo acolá.
Incontáveis são os peregrinos, e contei-me entre eles, que por intuição advinda da natural necessidade de relação com o Divino, no afã de encontrar o caminho se tornam fanáticos seguidores de “guias cegos” que não possuem a consciência dos propósitos e dos princípios da Verdade Suprema e que nada sabem, mas bem fingem, de modo que tais buscadores ingenuamente neles acreditem. Tristemente vemos, então, buscadores cegos, inconscientes dos propósitos e resultados de suas experiências humanas, apegados a modismos inconseqüentes de personalidade em negação à consciência, conduzidos por guias dessa estirpe. Vemo-los sem perspectivas, sem horizontes e sem esperança. Nada em suas vidas se transforma. Nada em suas vidas se cura. Ainda que alimentem a vã sensação de se adiantarem na caminhada, os traumas, as dores e os sofrimentos permanecem atuantes, enquanto o abismo os aguarda.
Desejo que o leitor, tocado por esta compreensão, perceba que esta página não pretende e não deve ser entendida e/ou constituir-se guia para quaisquer circunstâncias, fatos, tempo, personalidade e consciência.
Tudo o que aqui está sendo e for postado, terá o propósito de tão somente assemelhar-se a um singelo movimento do espírito em homenagem à infinitude da vida, incondicionada por instintos, plena de consciência. Terá de ser visto e compreendido como o movimento da consciência amorosa que tudo permeia, tudo dá e tudo recebe em nome do amor e da vida, a ponto de permitir a existência  deste “cuidador integrativo”.
É deste modo que aqui se vê e se pretende conduzir todas as possibilidades de promoção da saúde.


Namasté!