quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Saúde, desordem insana

Nas últimas semanas os noticiários tem refletido fatos ocorridos pelo Brasil todo, com relatos de omissões na área da saúde. O de maior repercussão, ocorrido na semana passada, deu-se na Santa Casa de Belém, onde uma ginecologista recebeu voz de prisão por ter, de acordo com a matéria jornalística, omitido socorro a uma gestante, grávida de gêmeos. Segundo a reportagem, a omissão ocasionou a morte dos bebês.

Conseqüente do fato, em dias seguidos, os noticiários registraram protestos dos médicos, em Belém, pela falta de estrutura e de condições de trabalho nos hospitais públicos.
A Presidente da Santa Casa, em defesa do Hospital, manifestou-se acusando a falta de estrutura de leitos, ao dizer que a disponibilidade é para 107 bebês e que, naquela oportunidade, encontrava-se com 123 recém-nascidos. Avaliou que esta situação extrapola qualquer condição, colocando em risco os que já se encontravam internados.
Os fatos, óbito e superlotação do hospital da Santa Casa de Belém, refletem a rotina de praticamente todos os hospitais do país, demonstrando de maneira inequívoca e inquestionável, a compreensão distorcida da vida e da saúde como acontecimentos naturais, instintivos e sistêmicos. Equivocados, também, estão modelo e sistema de saúde importados que nos são impostos como únicos e aceitáveis, isentos de falibilidade. Em razão destes enganos, qualquer outra experiência ou alternativa constitui-se inviável, vez que pode ameaçar essa primazia. Por certo serão discriminadas e não encontrarão reconhecimento e guarida no guarda-chuva da ciência cartesiana que só admite o que pode comprovar, ainda que tal comprovação mais defina que comprove e infinitas vezes se atenha tão somente em tornar críveis propósitos subalternos e duvidosos,.
A medicina alopática e seus agentes, não sei se por ingenuidade ou propósito, tornaram-se cúmplices do grande e inescrupuloso capital, representado pelos laboratórios internacionais e, conseqüentemente, responsáveis pelo caos estabelecido. Sua cumplicidade e responsabilidade se descreve pela disseminação de doenças, novas e velhas, despertadas ou produzidas pelo uso de experimentos “anti”, conforme já demonstraram várias pesquisas, as quais espertamente não foram confrontadas, mas esquecidas.
Há mais de quatro décadas, ouço e vejo a choramingadeira dos representantes da classe médica contra falta de condições de trabalho, falta de leitos, falta de profissionais, falta..., falta..., falta... Em momento algum, todavia, ouvi qualquer questionamento a respeito do modelo e do sistema que pretensamente sustenta a saúde no país.
Condoem-se, no momento, com a responsabilização de um cúmplice e vítima, ao mesmo tempo, dessa desordem insana. Como pouco resta de senso, as soluções são buscadas no protesto e no apontar culpados, como se isto pudesse magicamente reduzir as filas, desocupar leitos, disponibilizar recursos e garantir bem estar e vida plena.
O caso da ginecologista é emblemático. De um lado o poderoso “deus dos pés de barro” que, na sua onipotência, negou à mulher o direito de parir conforme Gaya em sua sabedoria dispôs e, de outro, a mulher desconectada de sua natureza maternal, que se submete, desrespeita e repudia em si mesma, este propósito e momento mais sublimes, reconhecendo, por suas práticas, que o parto é um “ato médico” onde aqueles assumem papéis de atores principais nos atos de manifestação da nova vida. A mulher contentou-se em figurar como coadjuvante e permissionária do ato de parir e não mais a detentora do poder sagrado de “dar a luz”. A nova ordem dos papéis se consolidou entre paredes brancas e luzes fluorescentes, com uma cama esquisita onde a mulher é obrigada a deslocar seu centro de equilíbrio corporal, causando maior sofrimento à criança e a mãe, pois dificulta o esforço natural de expulsão, o que, via de regra, exige a indução, quando não a malfadada cesariana, por sinal a mais rentável financeiramente.
Apesar de todas as tentativas de se justificar as dificuldades com relação ao caso da omissão, os bebês não morreram por que os leitos encontravam-se indisponíveis por necessidade. Não, os bebês morreram por que os leitos encontravam-se indisponíveis por insanidade. Por desconexão com a vida. Por ilusão de poder.
Hoje a saúde deixou de ser o natural da vida.  A doença assumiu seu lugar. O instinto deixou de ser alerta para o perigo, tornou-se dispensável, pois existe alguém que se investiu de poderes de Drácon e assim determina o que deve e o que não deve ser temido, dando continuidade ao caos e, ao invés de oferecer a cura, oferece a possibilidade de, contraditoriamente, manter os doentes por mais tempo doentes, mas com qualidade de vida.

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